10º encontro Neurodesenvolvimento – Tomar
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Aceitei o desafio do serviço – Consulta de Neurodesenvolvimento do Hospital de Tomar para dar o meu contributo no seu 10º encontro de Neurodesenvolvimento. Numa plateia repleta de profissionais de saúde e de educação o tema do encontro este ano foi ” Comportar e aprender – aprender a comportar”. Coube-me o desafio de falar sobre o comportamento infantil. Compreender um pouco melhor dos seus porquês ajuda a entender os comportamentos e atitudes dos miúdos. Compreender é o primeiro passo para melhor perceber como intervir .
Coaching Pedagógico de Alto Rendimento
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A convite da autarquia de Famalicão encheu-se um auditório para abordar como ajudar crianças e adolescentes a melhorar o rendimento escolar. Num serão de sexta feira bem preenchido e animado, pais e professores juntaram-se para uma sessão sobre Coaching Pedagógico de Alto Rendimento. Falamos de escola, de desenvolvimento, de sono, de percursos, de estudar, mas sobretudo de felicidade e bem estar para crianças e adolescentes, mas também da tranquilidade escolar dos pais.
O Papel dos Pais na Orientação Vocacional/Construção da Carreira dos Filhos
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A convite da autarquia de Loures, participei no Ciclo Pais Informa 2019 com a dinamização de uma sessão sobre “O Papel dos Pais na Orientação Vocacional/Construção da Carreira dos Filhos” No passado dia 2 de Abril falamos de pais, de filhos, de expectativas, de carreiras, de percursos, mas sobretudo de projectos de vida. Numa plateia com pais mas também com muitos alunos participativos foi um privilégio abordar com eles perspectivas saudáveis de colaboração entre escola, família e um projecto de vida que se queira concretizar.
Seminário de Educação 2019 em Tondela
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No seminário de Educação 2019 em Tondela em que partilhei prelecção com Sofia Santos que tanto gosto de ouvir. Um agradecimento à organização do encontro que juntou um auditório cheio de professores com interesse e boa disposição.
Professores, Figuras de referência
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A chegada à escola marca o encanto pela aprendizagem e mais uma etapa do nosso crescimento. É na escola que contactamos mais frequentemente com os nossos amigos, que brincamos com eles, mas também é lá que iniciamos o nosso percurso escolar. É com a professora primária, no primeiro ciclo, que iniciamos a aprendizagem formal da leitura, da escrita, do cálculo, da nossa história, da nossa geografia que nos vai alimentando e satisfazendo a voraz curiosidade em querer saber sempre mais. Professores que nos acolhem e marcam pela sua paciência, dedicação e modo de estar, num estabelecer de relação à entrada da escolaridade obrigatória. São estes professores, num modelo monodocente, quem nos ampara no primeiro impacto com o ambiente e com as regras da nova escola, que nos acarinham todos os dias, que nos transmitem tranquilidade na insegurança de quem é criança, que nos ajudam a confiar em nós e a perceber que somos capazes, que nos desafiam a superar os obstáculos que sempre se cruzam no caminho, que nos suportam nos dias chatos e nos compreendem nos momentos menos bons, ficando ao nosso lado. A rir e a chorar connosco, do jeito deles, mas com tempo para nos conhecerem e ajudarem na construção do nosso eu. Na transição para o 2º ciclo, o contacto com os professores não é tão presente, torna-se mais esporádico. Não é tão comum encontrarmos o mesmo professor todos os dias, com tempo para nós e não somente dedicado para as matérias. Geralmente são relações mais distantes, por serem mais fugazes e menos frequentes, e por isso nos lembramos melhor dos nossos diretores de turma com quem mais tempo passávamos. Que nos ajudavam a resolver os “problemas” da turma e que nos ouviam para além das respostas às perguntas das matérias. Não está em causa a sua preocupação para connosco, mas são professores tipicamente mais distantes por não terem uma relação tão próxima, exceção a professores que têm a mesma turma em mais que uma disciplina e os “DT”, que nos marcam e conquistam não pelo que ensinam mas pelo que são enquanto modelos e pessoas. Os “DT” são figuras marcantes uma vez que ajudam na coesão e comunicação entre professores para um maior apoio a cada uma das crianças. É natural haverem mudanças a todos os níveis e o diretor de turma torna-se um elo de ligação também emocional para além de pedagógico. Ao longo do percurso académico os professores marcam o nosso caminho. De diferentes formas, não só os que nos dizem coisas boas, coisas positivas e reforçadoras mas quem também nos critica e nos faz pensar. Os professores de referência são aqueles que nos ajudam a ser melhores, não apenas os que nos ensinam bem a matéria. É na relação que se perceciona o desempenho dos docentes e que se relembram as figuras de referência. São os professores que sentem o que dizem, em que o seu verbal e postura são coincidentes, que marcam as crianças no seu dia-a-dia. São os professores, na escola, que conquistam, muitas vezes, o modelo mais importante depois do modelo familiar tendo grande impacto no crescimento enquanto crianças, pré-adolescentes e jovens adultos. Se pensar nos seus melhores professores, é provável que se lembre melhor do que eles eram enquanto pessoas do que o que lhe ensinaram. É essa a diferença para quem nos marca. Os modelos que nos transmitem pelo que são e pelo que fazem, não apenas pelo que dizem.
No Colégio Internacional de Vilamoura
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A convite do CIV – Colégio Internacional de Vilamoura estive em dois momentos a abordar as competências de estudo com pais e alunos. Com os estudantes presentes as estratégias de estudo, e de organização, de motivação e envolvimento perante uma tarefa que normalmente não é aprazível. Com os pais a temática recaiu sobre como podem ajudar de forma mais eficiente os filhos nos estudos. A sala repleta de alunos interessados e muito atentos, assim como os pais que encheram a sala participaram bastante para tornar a partilha mais interessante e enriquecedora. Deixo o testemunho que o Colégio Internacional de Vilamoura colocou na sua página do Facebook Renato Paiva diz que o segredo está em estudar bem “Não é preciso estudar muito, é preciso estudar bem”, diz Renato Paiva diante de uma plateia repleta de alunos. Seguramente “todos podem aprender”. Infelizmente, afiança, “não há uma equação matemática, uma fórmula mágica para chegar aos bons resultados. O que funciona para cada um difere, tem critérios diversos.” Por isso, é preciso “Estudar menos, aprender mais: estratégias de estudo eficiente”. E, como tal, fundamental criar objetivos, ter uma atenção focada nas aulas e conseguir ser mais forte que as próprias desculpas. “Estudar é muito mais do que ‘reler a matéria’, ‘fazer resumos’, ‘exercícios’, ‘barras mentais’, ‘ler esquemas’.” Estudar pode ser pesquisar, aprender a conectar, a associar, a olhar… ver onde estão as dúvidas e esclarecê-las com o professor, com um colega. “Estudar é também organizar. E, tal como as dietas, deve ser pouco de cada vez, várias vezes”, uma vez que “a estratégia de memorização é altamente falível”, diz. Renato Paiva recorda que “Esquecemos cerca de 40% do que lemos em cerca de oito horas se não existir esforço e revisões sucessivas”. O coacher pedagógico de alto rendimento escolar aponta como fundamental uma preparação com antecipação, por forma a evitar a ansiedade, aspeto altamente condicionador do bom resultado. O estudo deve trazer segurança e é altamente desaconselhável estudar no dia anterior ou prévio a este, refere. A par, acrescenta, o aluno deve aprender um conjunto de técnicas que o ajudem a controlar a ansiedade, tornando-se “emocionalmente competente”. Como algo progressivo, o aluno deve dividir o seu trabalho em estudo de acompanhamento e estudo de reforço para os testes. “E pensar: para além do resultado escolar, o que é que eu quero? Qual é a atitude que quero em mim?” O treino mental, a alimentação, os bons hábitos de sono são fundamentais, aconselha o autor de “SOS Tenho de Passar de Ano” (Esfera dos Livros, 2007), apologista das estratégias ativas de estudo (“retemos muito mais quando fazemos, dizemos… Aprendo melhor o que consigo ensinar.”) Na sessão dirigida aos encarregados de educação: “Saber como ajudar os filhos nos estudos”, Renato Paiva recordou que “todos temos perfis de aprendizagem diferentes” e que “a compreensão deste aspeto permite otimizar resultados”. No papel de tutores, os pais devem incutir no seu educando o hábito da responsabilização com a escola e regrar aspetos como a gestão do tempo e o uso do telemóvel. É preciso, segundo o consultor pedagógico, não esquecer que “o estudo é um trabalho de consolidação para as coisas que o aluno não domina”. E apela: “Pais, muito mais importante do que olhar para os resultados, é olhar para os processos de estudo. Orientar, de forma estruturante e objetiva as estratégias” poderá ser o melhor caminho para chegar aos bons resultados. Afinal, “A melhor maneira de ajudar uma pessoa é ensiná-la a pensar.” Renato Paiva é diretor da Clínica da Educação e da Academia de Alto Rendimento Escolar WOWSTUDY, speaker habitual em congressos nas áreas da educação e da parentalidade, áreas nas quais colabora regularmente com a imprensa. É autor de cinco obras nas áreas da pedagogia do ensino.
ESCOLA VS ALTO RENDIMENTO – Paredes Golf Club
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O Paredes Golf Club desafiou-me para abordar como conciliar o desporto de alto rendimento dos seus atletas com a preocupação académica. Sem que um se sobreponha a outra e em que conjunto possamos articular escola e desporto de alta competição. Um serão que terminou tarde mas muito bem passado com atletas, pais e treinadores interessados e participativos. Grato pelo convite. Aqui fica o seu testemulho partilhado na facebook do Paredes Golf Club “Pais do Golfe” tiveram, ontem à noite, a oportunidade de ouvir o especialista em pedagogia, Renato Paiva, falar sobre a relação do treino com os estudos. Numa sessão descomprometida e bastante dinâmica, a conversa foi fluindo entre o que é saber estudar e a relevância do método na gestão do tempo. Agradecemos, desde já, a presença do Dr. Renato, que só foi possível graças à parceria com a DMCS – Engenharia e Construção.
International Conference on Childhood and Adolescence 2019
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O International Conference on Childhood and Adolescence 2019 teve lugar no Porto no final de Janeiro e tive o privilégio de ser convidado para duas comunicações. Uma plenária sobre “Autonomia: um problema de filhos, pais ou sociedade” e uma mesa redonda onde se abordei “o papel do professor nos novos modelos de família”. Um encontro para quem se interessa e trabalha com crianças e aolescentes numa perspectiva de integração de diferentes visões e especialidades. Sempre com sala cheia, desejo ter ajudado a promover uma reflexão interessante a todos os presentes.
O que leem (e como leem) os adolescentes?
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A pedido da jornalista Sofia Teixeira da Notícias Magazine participo num artigo sobre hábitos de leitura dos adolescentes . Boas leituras. “Ler implica foco, silêncio, um tempo lento. Ou seja, o contrário dos hábitos dos nativos digitais. Mais do que saber se cumprem as leituras escolares, importa descobrir o que é que os jovens leem por puro prazer e como é que esse gosto se pode estimular. Foto: Leonardo Negrão/Global Imagens Francisco Ferreira trata os livros com estima, mas também com familiaridade suficiente para não recear dobrar os cantos das páginas em vez de usar marcador. É um leitor eclético como mostram os três livros que traz na mão: “Diário de um Adolescente na Lisboa de 1910” de Alice Vieira, que conta a história de um rapaz à época da queda da monarquia; “An Adventure on Madeira Island”, tradução inglesa da famosa coleção “Uma Aventura” de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada; e “Little House on the Prairie”, uma novela de 1935, da americana Laura Ingalls Wilder, sobre as suas experiências enquanto criança no centro oeste do país. “Gosto de ler em inglês porque ganho mais vocabulário”, explica o adolescente de 15 anos, que frequenta o 9.º ano. Usa várias vezes a expressão “estou a trabalhar um livro” quando se refere às leituras da escola mas, por oposição, considera as suas próprias leituras, que faz sobretudo quando está de férias, como momentos de descanso, deixando muito clara a fronteira entre a leitura por obrigação e por prazer. Prazer para o qual tem pouco tempo durante a época de escola, com as aulas, os trabalhos de casa e os testes, mas nas férias de verão costuma aviar oito ou nove livros. Apesar de fazer esta distinção entres os dois tipos de leituras, isso não quer dizer que não aprecie algumas das obras que tem de estudar. “Este ano já dei o ‘Auto da Barca do Inferno’ e gostei, é uma história interessante e divertida. O ano passado tive de ler o ‘Hobbit’ de J. R. R. Tolkien e o ‘Que Farei com Este Livro’ de José Saramago, e não gostei de nenhum dos dois: o vocabulário era pouco acessível.” “Gosto de ler em inglês porque ganho mais vocabulário” (Francisco, 15 anos) Os três livros que traz consigo têm histórias muito diferentes, mas uma coisa em comum: as personagens são adolescentes, como ele próprio. Não há grande mistério nesta preferência: os adolescentes gostam de ler obras com protagonistas da mesma idade porque conseguem relacionar-se com a história sob uma perspetiva mais pessoal. “Nós só conseguimos ler aquilo para que estamos preparados”, explica a mediadora de leitura Andreia Brites. “Podemos ler um livro difícil do ponto de vista da linguagem se o tema nos for próximo e o inverso também é possível: ler algo cujo tema nos é estranho e sobre o qual não temos um conhecimento prévio estruturado, se for numa linguagem simples que nos permita compreender.” Para Andreia, que trabalha desde 2005 nas bibliotecas de todo o país, sobretudo com jovens, esta adequação é muito importante: pô-los perante coisas para as quais não estão preparados é “matar” leitores. “Se lhes damos um tipo de livro para o qual ainda não tem competências, ele não só vai rejeitar aquele livro como muitos semelhantes.” Francisco Ferreira, 15 anos: “Quando estou a ler, não estou com telemóvel. Não é possível estar a fazer as duas coisas ao mesmo tempo”. Foto: Álvaro Isidoro/Global Imagens A mediadora acredita que recomendar-lhes leituras passa sobretudo por conhecê-los. “Gostam de animais, de carros ou de um desporto? São mais imaginativos ou mais pragmáticos? Há algum filme ou jogo de computador de que gostem e que possa influenciar na leitura de um livro? Tudo é válido. O mais importante é conhecê-los.” Apesar disso, garante que há temas e géneros que, por norma, lhes são caros. “Os adolescentes, tipicamente, têm uma grande necessidade de ter, por um lado, contacto com as tragédias e com a realidade mais dura e, por outro, com a fantasia e a aventura.” Isso ajuda a explicar os grandes fenómenos editoriais entre adolescentes: na categoria de “realismo verídico” estão volumes como “Os Filhos da Droga”, “O Diário de Anne Frank” e trabalhos sobre o Holocausto como “O Rapaz do Pijama às Riscas”; no departamento da fantasia e aventura, o sucesso são coleções como o Harry Potter, que explora o mundo da magia, e o Cherub, sobre uma divisão imaginária dos Serviços Secretos Britânicos que recruta agentes até aos 17 anos. Prazer versus obrigação “Acho que o primeiro da coleção li num fim de semana”, diz Manuel Moutinho, 17 anos, em relação à coleção Cherub, confirmando a tendência. Também não por acaso, um dos livros que mais gostou foi “Os Filhos da Droga”. Como muitos outros adolescentes, Manuel gosta de estar com os amigos, navegar na net e jogar computador. Também aprecia desporto e pratica kickboxing desde os 14. Ler está fora das suas preferências, pega apenas em um ou dois livros por ano, apesar de estar sensibilizado para a importância da leitura. Manter o foco não lhe é fácil. “Se for um livro de que eu goste mesmo, consigo estar a ler sem me distrair com o telefone, mas se for, por exemplo, um livro para a escola, que estou a ler obrigado e do qual não gosto muito, é mais difícil e um bocado frustrante.” Teresa Calçada, Comissária do Programa Nacional de Leitura (PNL2027), concede que entre as muitas causas da quebra de leitura por prazer entre os mais jovens está “o peso desproporcionado da leitura escolar e obrigatória imposta por programas, metas e avaliações curriculares, face a outras leituras”. Ou seja, há muitas leituras a fazer por obrigação e pouco investimento na promoção da leitura por prazer. Não que alguém seja contra as leituras literárias no âmbito dos programas curriculares: “Mesmo as que possam ser mais aborrecidas devem, na minha ótica, continuar a existir. É uma forma de os alunos terem boas referências literárias e culturais”, defende Renato Paiva, diretor da Clínica da
Como lidar com os pequenos e terríveis – DN
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A convite da jornalista Andreia Pereira do DN aqui ficam algumas reflexões de diferentes especialistas sobre comportamento dos filhos. “O seu filho parece estar constantemente ligado à corrente? Raramente cumpre uma ordem sem ripostar e ainda se regozija quando desafia a autoridade? Se respondeu positivamente às três perguntas anteriores, deverá ler este artigo até ao fim. Embora não haja um manual de instruções universal, apresentamos algumas soluções que o ajudarão a educar os pequenos «ditadores». No livro O Pequeno Ditador (editora Esfera dos Livros), Javier Urra apresenta uma definição de uma criança «tirana». Para o autor, trata-se de filhos «caprichosos, sem limites, que dão ordens aos pais», além de exercerem chantagem sobre todos os que tentam refrear o seu comportamento. «Querem ser constantemente o centro de atenção», escreveu Urra, acrescentando que estas crianças são, por norma, «desobedientes e desafiadoras». No parecer de Javier Urra, «as crianças manipuladoras» sabem tirar partido das fraquezas dos pais para impor os seus desejos e vontades. Renato Paiva, pedagogo e director da Clínica da Educação, em Lisboa, esclarece que a perturbação opositiva/desafiadora «é um padrão de comportamento negativista e hostil» que as crianças adoptam na presença das figuras de autoridade. O director da Clínica da Educação sugere que «em situações de desafio» os progenitores «não devem responder na mesma moeda», já que gritar ou castigar fisicamente só irá aumentar a agressividade da criança. Este especialista defende que os pais devem procurar agir com calma e com tranquilidade, «exercendo a autoridade com firmeza», sem cederem à chantagem emocional dos filhos. Bruno Gomes, psicólogo no Instituto Português de Pedagogia Infantil, acredita que os pais, por vezes, sofrem de um complexo de culpa, porque temem que a autoridade possa traumatizar a criança. Para o psicólogo, os pais devem ser coerentes e assertivos em todos os seus actos, dado que a aprendizagem das regras e limites são fundamentais no processo educativo. Será que já nasceu assim? Muitos pais não compreendem o comportamento das crianças agitadas e rebeldes. Mas María Jesús Álava Reyes, autora do livro O Não também Ajuda a Crescer, que conta com a chancela da editora Esfera dos Livros, diz que estas crianças já nasceram com um temperamento difícil. O pedagogo Renato Paiva também reitera esta perspectiva, ao defender que a agressividade destas crianças tem um carácter genético. Contudo, nem tudo está perdido, já que o ambiente em que a criança se insere contribui para moldar determinados comportamentos. «Os adultos não se devem deixar levar pelas birras, berros, choro, mau comportamento, nem permitirem que a sua autoridade seja boicotada. A resiliência será sempre o grande aliado da educação», advoga Renato Paiva. María Jesús Álava Reyes, que acumulou uma larga experiência com crianças, acredita que estes casos não são «irrecuperáveis». Para a psicóloga, estas crianças nasceram com uma «espécie de irritação interna, de insatisfação quase permanente, que lhes dificulta a convivência e a relação com os outros». No entanto, María Jesús Álava Reyes mostra que é possível reverter ou moldar os comportamentos destas crianças. «Teremos de estar permanentemente dispostos para ajudar.» Permissividade ou autoritarismo? Para Renato Paiva os adultos não devem, em circunstância alguma, duvidar da própria autoridade. A criança, ao aperceber-se da fragilidade dos pais, vai procurar alargar os limites. O pedagogo afirma que, actualmente, a maioria dos pais sente dificuldades em encontrar o meio-termo entre a permissividade e a autoridade. Alguns progenitores, com receio de serem autoritários, acabam por descurar a autoridade. «O autoritarismo tem efeitos nocivos sobre a formação da criança, mas a permissividade é ainda pior», fundamenta. «Os limites bem colocados ajudam a criança a aprender a esperar, a tolerar frustrações e a criar alternativas aceitáveis da expressão da raiva. Com a imposição de regras, a criança irá entender que os outros também têm necessidades e desejos.» Bruno Gomes afirma que as crianças têm de aprender a ultrapassar a frustração, a zanga e o choro, já que é na infância que se desenvolvem as competências para lidar com estas situações na idade adulta. «Os pais não devem valorizar a birra, nem tão-pouco ceder aos caprichos da criança.» O psicólogo também considera que os pais não devem tentar «acalmar» as crianças com bens materiais. «As crianças devem aperceber-se de que os benefícios devem ser conquistados e merecidos. Em todo o caso, as recompensas devem ser sobretudo afectivas, em vez de materiais. Um elogio ou uma manifestação de carinho podem ser muito mais compensadoras para a criança. Estas estratégias afectivas acabam por reforçar um comportamento mais positivo da criança.» Corrigir os comportamentos Segundo Renato Paiva, em momentos de cansaço e de irritação, os educadores acabam por usar expressões que condenam a própria criança, ao invés do comportamento negativo. «Os pais devem mostrar claramente qual o comportamento errado.» Enquanto modelos e referências, os pais devem explicar às crianças as regras do jogo, já que a disciplina ajudará a criança a sentir-se mais segura. «Educar com afecto também é muito importante», dado que, por norma, estas crianças agitadas têm baixa auto-estima e são menos tolerantes à frustração. Em situações públicas, Renato Paiva sugere que os pais conversem previamente com a criança, para evitar chatices e discussões. «Se for a uma superfície comercial ou a casa de familiares ou amigos, fale com a criança e diga-lhe que comportamento espera que ela tenha. Também deve transmitir-lhe confiança e mostrar que a criança é capaz de corresponder às expectativas do adulto. Estas estratégias podem não funcionar à primeira, mas a resiliência fará a diferença a médio/longo prazo.» De acordo com Renato Paiva, os pais precisam de impor a sua posição e um «não» na hora certa poderá ajudar a definir os limites. Mas também há alturas em que é preciso responder com um «sim». «Ser mestre na arte de negociar é uma característica fundamental para quem lida com crianças.» Bruno Gomes defende que, em vez de uma postura sobreprotectora e autoritária, os pais devem dar espaço para que a criança manifeste os seus interesses e opiniões. Na perspectiva do psicólogo, uma criança que tenta negociar com os pais mostra